segunda-feira, dezembro 31, 2007

back in Bahia*

Vôo inesperado.
Lá tudo era cinza,
concreto, sem cor
e de vez em quando
dava saudade de cá
As pessoas eram aquecidas
por um sentimento diferente
Que fazia a gente dar um sorriso
sem querer:

Eu era a Bahia
A água de coco
A preguiça
e nunca tinha me sentido como tal.
A música e o sotaque rompiam os ouvidos
com maciez, malemolência...

Respirei fundo quando pisei
no sotero-solo.
O sol ultrapassou a pele e aqueceu
o coração de baianidade.
E com lentidão, disse:
ter ido foi necessário pra voltar*


*música de Gilberto Gil

sexta-feira, dezembro 14, 2007

pela manhã

Acordou molhada de suor
Acordou sorrindo naquele dia
Depois de ter chorado com um reggae
melo-dramaático do rádio:
"o que é que eu vou fazer agora
se o teu sol não brilhar por mim..."
Ainda estava em transi
Com um lado arrepiado
Os pés esticados de desejo
E uma voz chamando baixinho no peito

Não levantou da cama pra não perder
a sensação de nesse instante.
Lembrava como flashes,
sentia ainda a doçura daqueles olhos
Por que antes do delírio,
antes do amor,
um pouco antes do gozo
Tinha ouvido aquela voz dizer
good night.

terça-feira, dezembro 11, 2007

a respeito do despeito

O que é que tem Noel,
Gregório, Jorge, Gabriel?
Safados, penetrantes...

Homens de palavras
De melodias.
Eles sabem de cór
tudo o que se precisa sentir.
Agressivos, diretos...

Transformam sangue,
secreção em mel
Dor de amor
Em dor de tapa na cara
libidinosos, atrevidos...

Amam duas vezes
Amam duas, sempre
Rasgam as roupas e o coração
doces, gentis...

Dizem com palavras
o sentimento à flor da pele
Fazem-nos respirar ofegantes
Noel, Gregório, Gabriel?
Filhos da puta!

segunda-feira, dezembro 10, 2007

RE- união

Ahhhh galera.
A re-união
Risos e gestos no cair da tarde
Pessoas e mais gentes chegam e ficam
Olham e riem junto
Junta: é a foto.
Cerveja, água de coco, leite morno?
Amigos, secretos... sem segredos
E o velho samba, aquela letra
Enrolação
Rebolação
Embolação.
Segredo: Já dá uma saudade de cada sorriso.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Canção para seus lábios

Agridoce, alfazema
Sal da vida, cor serena.
Vermelho, meigos
beijos no espelho:
macio, saliva
sal da vida, água de rio.

dentes, amor e canção
línguas, beiço imagem na ação
in maginação.
desejo de dois
um beijo com dores
Agridoce, alfazema
Sal da vida, cor serena

domingo, dezembro 02, 2007

sábado, novembro 24, 2007

cuentos

Ele era tímido, se vestia discretamente:
calça jeansss, camiseta velha sem etiqueta,
tênis de uma velha juventude anos 60...
Admirava ela desde a primeira vista, que
aconteceu sem querer, olhando livros na
estante da faculdade.
Dizia para si mesmo que iria beijá-la, um dia,
e gostava de fazer isso enquanto fingia ler
poesias de Gregório de Mattos: balbuciava seus
próprios pensamentos:
"ahhhh, quero essa garota... preciso sentí-la em mim"

Ela foi professora de catequese, amava ler os salmos e
agora tinha dentre seus livros prediletos "O código da Vinci"
e a "Via Cruzis do corpo".
Amava as palavras mais que a TV, que fascinava todas as suas
amigas de classe - a mídia - diziam.
Nunca tinha notado ele naquela faculdade, não tinha tempo.
Estava sempre apaixonada por si mesma e pelos livros...


Um dia, ele teve a sensação de que ela estava na biblioteca,
"ela sempre está lá" - pensou e não vacilou, berrou àquela
que era sua amiga:
"Vou beijá-la agora, não posso mais esperar... ela precisa saber"
E correu com o cadarço desamarrado, levantando as calças e suando frio.
Na frente da porta da biblioteca, parou, repirou e entrou.
Ela não estavalá.
Ele lembrou-se das saletas onde ela adorava sentar e comer uva escondido.
Devagar foi se aproximando, com passos leves e sorriso entreaberto...
Quando colocou seu rosto no vidro da porta,
o vento das narinas o fez embaçar:
Ela beijava outro.
Correu novamente, agora mais rápido, cuspiu no chão do pátio.
Ergueu as calças,sentiu gosto de sangue na boca
e com os olhos não enxergava nada, e nem viu
que seu ombro tocou a parede dura, mas nem sentiu dor.
Sentou no chão do corre-dor e aDORmeceu.

segunda-feira, novembro 19, 2007

e lá vem besteira

Celis diz:
Bô est estáti?

Itana diz:
Bobó!

Lari diz:
haushuahsuhauhsu

Nicholas diz:
Idéia fabulante!

Lari diz:
sauhsuhaushuahsa

Celis diz(de novo):
ahhhh, eu sou lá Mãe Dulce?

Itana diz:
não. é Onolfabeta!

Lari diz:
saushuahsuhauhsuahs

Nicholas diz:
ehe ehe

a mensagem não pode ser entregue a todos destinatários.

sábado, novembro 10, 2007

A floor da pele

Quinta feira, início da noite uma saudade
invade sem pedir licença.
Mas isso são horas?
A lágrima cai de um olho só, e o vento
ainda ajuda a enxugar...
...Isso, muito bem.
Pensar nas coisas, imaginar como seria se fosse
até vai, mas daí a derramar sentimento, não.
Na frente de todo mundo, milhões de carros olhando,
um curioso que observa, não, não... Seja forte!
Sinta e só. Pense e só.
Lágrima só se for uma, que será a mais doída
e que seja no canto do olho, acabando na pele,
sem chegar ao chão.

sexta-feira, novembro 02, 2007

um vento que deu

trouxe o passado,
enxugou o suor no rosto,
fez suar mais ainda,
depois deu frio.

um frio bom,
um cio bom,
e a música que aperta o
coração:
canção de vento,
canção de dor.

saudade, é...
saudade.

vento traz você,
será que dá?
Se for um vento frio,
traz sim.

quinta-feira, outubro 25, 2007

sobre as visões

Um calor infernal e um desejo de berber coca-cola,
mas em plena terça-feira, início do regime, não dá.
Cabeça baixa, testa encostada nos joelhos, esperava
o momento certo de partir... enquanto isso agradecia
pela nova calça jeans e pelo "reggae" do dia seguinte.

Quando decidiu levantar o olhos para mirar se chegara
a condução, passeou desde os pés até aqueles olhos claros.
Era um deus grego, o sonho que andava de gravatas,
sorria encatador.

Olharam-se sem parar. Fixos. Intensos. Desejosos.
Os lábios respondiam dizendo beijo, um segundo parou.
Mas o fluxo dos carros cutucou o ombro, e as mãos se
tocaram sem querer, pra nunca mais se ver.
Da janela, os olhos falavam adeus e aquela visão ficou
guardada pra sempre...
... até não embaçar com o olho azul.

domingo, outubro 21, 2007

Não

É o que não dá pra te dizer.
então deixo a dor vir e ficar.
negar o que não tenho é ser injusto,
melhor assumir e dizer: Não tenho.
Ter consciência e não ter juízo.
Mas querer, querer mais.
Você.

Quero te dar mais do que o que vemos
Mais do que o eterno e do que o tempo
A neve que está no topo
Na beira do mar
(...)

Querer me dar será querer que você se dê
Sem medo de ser e ter
Sem não.
*

* trecho da música Sem não de Lô Borges e Caetano Veloso

domingo, outubro 14, 2007

belle belle

Feriado bom.
fui a um salão de beleza...
lá o cheiro bom, o excesso de mulher
e a cor de rosa contrastavam com o futebol
que eu tentava assistir na TV.
Quase impossível. Mulheres riam e falavam:
- Quem tá jogando?? - eu perguntava pra quê saber!
- Cê viu que Mario cegô a mulé? - e imediatamente...
- A novela tá massaa!

Enquanto decidia a cor das minhas unhas:
- vermelho ou branco? - demorei responder, uma mulher do nada apareceu:
- Se for paixão é vermelho! Me diz aí tua história...
- Ahh... é um amor distante, nem vale a pena.
E do nada, como ela apareceu, começou a fazer versos,
rimas, combinando palavras e dando som a elas.
Foi quando de repente:
- Vermelho ou branco, Larissa?
- Vermelho, né?

segunda-feira, outubro 08, 2007

aterrissagem

Aparentava ter 60 anos.
Um camisa verde coloria sua face cinza,
cansada e ainda cheia de vontade de vida.
Sentado de pernas levemente cruzadas, tinha um caderno e
anotava...
... escrevia sem parar enquanto olhava os aviões partirem
e chegaremm e chegaremm, partiremm...
Lembrava meu avô, que nunca conheci, é verdade, mas eu sentia
que lembrava. No sorriso. Na aura.

Dias depois estava lá, mesmo lugar, mesmas pernas, mesmo caderno.
Sentado, interroguei:
- Escreves? Aposto que é sensível!
- Não. Gasto a solidão!
Todos são solitários, mas ele dava a sua aos aviões.
- Uso meus dias a contar quantos vem e vão... quais vão e nunca voltam.
E eu esperava um também, há tempos.
- E... - ele me interropeu antes que perguntasse porque.
- São como mulheres. Pousam, deixam e levam algo.
Os que vão, nunca sei se voltam. Não sei quem são, de fato.
E continuou, me permitindo olhar o pouso de um avião:
- Só espero todos os dias poder saber quem aterrizou, se voltou...

Não reclamo mais daquela longa espera.

sexta-feira, outubro 05, 2007

um gosto de sal

quando li aquelas palavras quiz dizer algo maior,
mas me calei.
mania de querer traduzir em palavras o que sinto...
(...)

dessa vez fiquei lendo o que ela escrevia,
e de cada linha um trem, palavras-vagões.
Ela deixava a estação e eu ficava olhando
batimentos cardíacos e suor nos pés...
(...)

as partes desejavam e transpiravam se encontrar:
mãos, peitos, pés e olhos.
sorrir naqueles lábios, ter as mãos no peito
e entrelaçados, sentir as costas molhadas, gélidas
os olhos trêmulos derramando gosto de sal na boca

dá gosto a vida.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Abbey Road

Passando a rua hoje, três jovens famintos
tiveram suas vidas marcadas para sempre.
Era sol, Salvador, um dia ótimo pra ficar
em companhia um do outro até mais tarde...
... foram comer, conversar e rir no mercado
perto da faculdade.
Faixa de pedrestre vazia, sinal aberto,
avenida movimentada. Uma bicicleta tão magra
qaunto seu dono e aconteceu:
Um motorista educado respeita a faixa de pedestre
e pára. Ele pára... como assim?
Ehhh... ele pára e Paul, Ringo e John atravessam a rua
num ritual glorioso, como se fizessem pose pro LP.
E ao fundo um ruído corta o clima:
- Vai viado!

sexta-feira, setembro 28, 2007

o contrário é óbvio

O prédio em cima e a lua embaixo...
...o mundo sem ela fica mais escuro.
de cabeça pra baixo a lágrima corre
pra testa, o cavalo monta em São Jorge,
a chuva ensopa o queixo.
Olhando pra ela, quiz chegar perto,
mas o que fazer quando estiver lá?
Por enquanto continuo deitado com o rosto
fora da janela, pensando se o vizinho pode me ver,
ou se posso ver aquele rosto na luz da lua.
Penso que prefiro o céu negro, aquela camisa branca,
o rosto vermelho...
...e a lágrima insiste em molhar a testa!
- Oh, o que você faz aí, de cabeça pra baixo?

sexta-feira, setembro 21, 2007

.eu, eu mesma.

Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.*


Dormia como uma pedra,
Havia semanas não sabia o significado
de um sonho, (ainda não sabe, mas por outro motivo)
e naquele dia pareceu flutuar na dura cama do
quarto azul...

E no meio da noite, viu superheróis correrem
em direção a um bar, sentiu medo, riu também.
Correu de algo, em direção a nada e ofegante
bebeu um gole de alguma bebida boa...
E o impressionante aconteceu:
Se viu, ela mesma vir caminhando de mãos dadas
a um homem encantador, não sentia nada
mas via o seu próprio sorriso estampado
na sua cara que não estava no seu corpo naquele instante.

eu, eu mesma e alguém!

* Trecho do poema Adormecida, de Castro Alves

quarta-feira, setembro 12, 2007

Esqueci

Tinha esquecido de vir aqui,
Como também tinha esquecido o que ia escrever,
Assim como esqueci de amar quem eu queria.
E de dizer para aquela mulher o quanto a odeio...
Esqueci de almoçar hoje também,
e de ver se na TV alguém fala sobre o grêmio.
Mas lendo hoje, me lembrei que as pessoas
não gostam de ler e isso me deu um certo alívio:
Com certeza não estariam aqui ávidas por coisas novas
das quais eu esqueci de relatar.
Mas de esquecer aqueles olhos eu não esqueci...
Esqueci até dos termos na prova de hoje, de
como dissertar sobre propaganda,
Mas aqueles olhos, não consegui esquecer.

Ahhh, amanhã não posso esquecer de vê-los
novamente...
Eles me olham tão bem quanto eu quero.

domingo, agosto 26, 2007

das vidas que vivi.

Depois de chegar do trabalho (cansada e risonha),
abre a porta cantando a mesma música de Nana Caymi.
A bolsa atrás da porta, a calça no cabide e a TV falando só
embalam sua ida até o fogão:
-Notícia extraordinária:
uma mulher de 53 anos dá luz a filhos gêmeos.

O café, companheiro do sistema nervoso,
infecta o apartamento de saudade.
Lembrou-se da carta que recebera quando passara na portaria,
o que ela revelaria?
Mais uma dívida do seu estourado cartão de crédito?
Ou, afinal lembranças daquele velho amigo na Gréia?
Futucou a bolsa e de lá sairam papéis de bala de café,
batom e enfim a carta. E diz Willian Bonner:
-Desembarca hoje no Brasil o primeiro ministro da Inglaterra.
Desligou a TV. Rasgou a carta:

Linda!
Como está você?
Eu estar com saudade seu.
Eu sei que você não esquecer nossa conversa,
nosso love...
Eu vou ficar melhor com você.
E porque escrevo para falar
im going to you.
01 june eu estar no airport
Eu te amo
Jhonny.

- My God - digo- Meu Deus!

A música do velho vinil agora se confundia
com o choro feliz e desesperado.
Sentou no sofá com mais uma xícara de café
e chorou.

domingo, agosto 19, 2007

Loucos de pedra, flor e espinho

Desde menino admirava os loucos.
Se impressionava ao vê-los livres,
passeando pelas ruas, falando sozinhos.
Queria ser como eles, talvez fosse um pouco:
falava sozinho em frente ao espelho, ria pro mar
e acusava a areia de ser "malfeitiça".
Olhava os malucos com inveja e via algum juízo
no atravessar da longa Avenida Dois Leões.
Dizia ele que os loucos deixavam a cidade menos cinza,
um pouco triste e mais interessante quando se atreviam
a riscar as paredes ou a escreverem gentilezas nos muros.
- Louco universo esse nosso!
E dizia com convicção, num tom confortável de voz:
- Gosto de pensar que os loucos somos nós e eles sim,
os de perfeita saúde mental.
De tanto mirar por horas os diversos loucos que transitavam
naquela e noutras avenidas, ele aprendeu a desejar-lhes
bom dia e a gostar de piadas sobre loucura.

ao Velho Dil, para quem eu era a Bela Napolitana.

segunda-feira, agosto 13, 2007

A 4 horas de você II

Quanto tempo faz que nos falamos?
Quanto tempo ficamos nos falando?
4 horas com você...

calma, tudo está em calma
deixe que o beijo cure,
deixe que o tempo dure,
deixa que a alma tenha a mesma idade
que a idade do céu.*

O dia aqui e a noite lá
o céu é o mesmo
e esse tempo longe...
...seu tempo ocupa meu espaço
e essa horas que nos separam
unem nossas palavras aqui.
Tornam minhas noites sua madrugada
e fazem minhas 24 horas mais longas
que as 4 horas que nos separam.


*trecho da música Idade do céu de Zélia Ducan

terça-feira, agosto 07, 2007

a música LÁ em MI

Sai naturalmente do peito
o ar que a impulsiona é suave
e as melodias são como prazerosos beijos.
Notas com perfeição saem dos dedos,
fazendo o peito se encher de ar e emoção.
Vem de onde essa magia?
talvez venha do sangue dessa gente nascida aqui,
ou da gente que veio de lá...
certo é que não se sabe explicar,
mas o que sai é lindo, prazeroso.
Embala os pensamentos e faz o coração pulsar rápido
eleva os sentimentos e traz ele pra perto.
Confundi os sentidos e as identidades

Eu já nem sei quem sou
tão dedicado a ti,
um cobertor pro frio
*

Quando acaba fica o vazio
vem a sensação de loucura
a vontade de encher o peito de novo
e com vontade soltar o sonoro ar.
É assim, preenchendo e esvaziando
enlouquecendo e curando
que ela cumpre bem seu papel
deixando de ser de um pra ser de cada um.

*trecho da música OM, Djavan

terça-feira, julho 31, 2007

sobre o cinismo

Ele sabe que te ama e finge.
Ela ama quando ele sabe e finge.
Os políticos se odeiam e fingem.
Sua mãe sabe dos seus erros e finge.
O padre não tolera homossexuais e finge.
Os homossexuais amam os padres e fingem.
Ele te olha e te vê mas finge.
Você deita na cama e dorme, finge.
Ouve alguns ruídos com nitidez, mas finge.
Eles discutem sobre filosofia fingindo saber.
Declaram coisas sobre o céu e o espírito que fingem conhecer.
Os atores fingem no teatro.
As prostitutas fingem nos cabarés.
As professoras fingem nas salas de aula.
A Majestade Imperial finge.
E você finge entender o que eu quero exatamente dizer.

terça-feira, julho 24, 2007

e os amigos

são cúmplices das loucuras
das insanidades...
tal qual Tim Tim e seu fiel cão
Dougue Funny e Costelinha
Batmam e Hobbie...
Companheiros dos porres,
dos vômitos, das lágrimas
dos intensos momentos de risos
(que o diga a tia da cantina)
dos bilhetes na sala de aula.
Os amigos sempre estão, bons ou maus
quando são porres ou porras loucas
quando não concordam e mesmo assim amam
e quando fazem planos e não os cumprem
serão sempre os mais loucos e fiés se,
caminharem bêbados mas do seu lado
falarem merdas e elogiá-lo com elas
acordarem com fome e oferecer-lhes o pão.
Amigos que despertam as mais lindas emoções
e tiram da lágrima o mais belo sorriso...
tal qual Chaves e Kiko, Timão e Pumba,
Mônica e Magali, O gordo e o magro...

aos loucos amigos Val, Keroly, Itana, Nicholas
Celine, Allan e Alan, Vivian, Louis, Suka, Nani...
e os outros tantos loucos que fazem parte de mim.

segunda-feira, julho 16, 2007

Ele diz:

- Você me machuca, dizendo isso...
- Você me machuca quando não diz nada - pensa ela.
- Bom...
- Tanto o que dizer, quase nada a fazer - pensa ela.
- Eu ando por aqui e nem penso em você mais, não te amo.
- Era isso que eu tanto queria "ouvir"... agradecida pelo seu ódio sincero
- Bom... adeus!
Tu sabes que eu te quero apesar de ser traído pelo seu amor fingido*
- Adeus - disse ela.

trecho da música Pra que mentir de Noel Rosa.

domingo, julho 15, 2007

vertige

Ao olhar que tudo mira.
Que vê as lástimas e alegrias,
as cores e os amores.
Que vê a avenida e o mar
os manequis e os caixões,
os bonitos e os lindos.
À retina que enxerga o céu e o chão
o barraco e o casarão,
a cidade alta e a cidade baixa.
À esse mesmo olhar que chora e ri
do filme de Noel Rosa, eis que vos ofereço outro sentido:
a audição.
Se fecha olhar e ouve o som que vem das feiras,
escuta atentamente o barulho de dentro e de fora do ônibus.
Dorme e ouve a respiração, o ronco,
o louco som dos corpos em atrito,
o riso de quem senta ao lado.
O sagrado som dos atabaques,
o drum n bass dos rastafaris,
o reggae dos sambistas
a música que entra pelos ouvidos
e faz a lágrima correr dos olhos...
Eis o desafio: ver com os ouvidos
o que os sons tem pra mostrar.

domingo, julho 08, 2007

Todo poder a Ela.

Sentia-se forte, segura.
Via-se linda no espelho:
- Que mulher exuberante! Que olhos penetrantes!
A maquiagem leve a fazia muito mais jovem.
Nunca tinha reparado, mas seus seios estavam mais bonitos.
Seu cheiro também era bom.
Seus lábios que proferiam melodias agora eram melados de batom...

...e sorri para todos que a olham e insinua seu olhar sedutor,
forte e segura dança nos diversos braços aconchegantes
e baila com a segurança de uma passista de escola de samba.
mas o que a faz sentir poderosa?
o medo de não ser.
por momentos ela é sim, comandando a dança
olhando segura, dando passos largos e caminhando com segurança.

sou a sereia que dança
destemida Iara, água e folha
da amazônia.
sou a sombra da voz da matriarca da Roma negra...
(...) sou preto do norte, americano forte
com brinco de ouro na orelha...

essa fortaleza se desmancha num beijo
em dois, em três,
e se desfaz numa lágrima abençoada pelo pôr-do-sol
que aponta no belo horizonte.
o poder é traduzido na força das mãos
que encontram o colo seguro
nos lábios frios, no vento cortante.
o poder é vencido por um beijo.

trecho da música Reconvexo de Maria Betânia.

quarta-feira, junho 27, 2007

No quarto...

E lá estava novamente
pensando no frio que vem das correntes de ar polar
e que resfriam seu coração tropical.
Odeia o frio, mas insiste em amar os esquimós.
Adormeceu pensando no homem de neve que
tem atordoado seus sonhos. E sonhou com ele.

Neve e nuvem envoltos no seu olhar,
espaço vazio ao lado - era a falta - que preenchia o coração
e os sentidos provavam do sonho real, faziam o frio aquecer:
vem dizer que o frio é bom pra nós dois.
Depois de horas a fio (frio) sonhando, o homem de neve
a traz de volta ao calor equatorial e se despede com um
suave alarme de celular nos ouvidos.

Ela desperta.
E sorri sobre sua cama preenchida de vazio, ao olhar
o tímido sol que desponta no céu tropical.
Ainda com frio, mas gostando um pouco mais dos esquimós.


quinta-feira, junho 21, 2007

Cordel apresenta: Espetáculo em Brasília

Picadeiro armado, abrem-se as cortinas,
não há quem não queira suborno ou propina.
A platéia assustada não acredita no que vê:
políticos "palhaços" todo dia na TV.

Deputados malabaristas, manipulam as verbas,
fazendo aparecer o dinheiro na cueca.
O povo, boquiaberto, assiste com atenção o espetáculo
chamado "Mensalão".

Mas quem pensa que engana, finge não acreditar
que a platéia tem poder e tudo pode mudar,
pra ver outro espetáculo quatro anos bastarão
e só com a oportunidade da próxima eleição.

texto de Lucas Santiago (Bidhu).

domingo, junho 17, 2007

em transi

E estava lá.
Ao redor muitas pessoas mas não as percebia
o que sentia era o toque suave de suas mãos,
e a maciez do seu cabelo (ah, deixemos o texto para relembrarmos o momento).
Sua voz doce penetrava nos ouvidos e flutuavámos ao mais alto
como pássaros em um vôo livre.
O ápice da sensação era o beijo, que fervia o sangue pulsante
e que fazia em nada pensar. O desejo de dois, um corpo.
Dois barulhentos corpos eram um.
E todos viam, e eles só sentiam como era bom o toque, o beijo.

E do alto nas nuvens o vento seca o suor
e o sol tão perto passa a iluminar as faces
ruborizadas e alegres, fortes e penetrantes
eram os olhares e os sorrisos soltos.
Eles eram um, só um em transi (a).

sexta-feira, junho 15, 2007

sobre a realidade

É preciso estar-se, sempre, bêbado.
Tudo está lá, eis a única questão.
Para não sentir o fardo do tempo que parte vossos ombros
e verga-vos para a terra, é preciso embebedar-vos sem tréguas.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a escolha é vossa.
Mas embebedai-vos.[...]
É hora de embebedar-vos!
Para não serdes escravos martirizados do tempo, embebedai-vos, embebedai-vos, embebedai-vos sem parar!
De vinho, de poesia ou de virtude: a escolha é vossa.*

E eu sempre soube aprender com os sábios,
com os escritores, anciãos.
Estar lá é perfeitamente real.

*texto de Charles Baudelaire

terça-feira, junho 12, 2007

elas

Qual delas será tão tonta que se acomode
aos desares de partir com seus pesares de amor,
assistência, e tratos, se as damas não são sapatos
que se hajam de ter aos pares?
Dá-me, amor, a escolher de duas uma demônia.
Eu não deixo uma por outra, nem escolho outra por uma;
não há dúvida nenhuma, ambas são moças de porte
e se não mo estorva a morte ambas me hão de vir à mão.
Isto, que remédio tem, sejam entre si tão manas,
que repartindo as semanas vá uma, quando a outra vem;
que eu repartirei também jimbo, carinho e favor,
porque advirta algum doutor que, sendo à lógica o oposto,
na aritimética do gosto pode repartir-se o amor*

Entre duas, às vezes.
Dividir-se assim dá a impressão que se soma,
soma que resulta em zero.
Sozinho, sempre.

trecho de um poema de Gregório de Mattos
livro Boca do Inferno, Ana Miranda.

sexta-feira, junho 08, 2007

Litlle darling

"Stirt up...
It's been a long long time
Since I've got you on my mind
And now you are here, i said it's so clear
To see what we can do hunny, just me and you
come on and Stirt up litlle darling
I'll push the wood
I'll blaze your fire and I'll satisfy your heart desire
I'll stirt you every minute, all you've got to do, baby
It's keep in it and Stirt up
will you quench me while I'm thirsty?
Come and cool me down when I'm hot?
Your recipe, darling, is so tasty
And you sure can stir your pot
So Stirt up"

for you, my sweet love.

quarta-feira, junho 06, 2007

ele

O telefone tocou:
- Alô! Não... é uma amiga dela
Sim, pode falar... hum. Sei, entendi... tá claro
Mais algum recado? De nada.

A amiga:
-Ligaram pra ti. Era um homem com uma voz...
Que voz ardente sensual!
Disse que te amava, que não conseguia mais
viver longe de você e que não aguentava mais esperar.

Ela:
- Hum... Só?

segunda-feira, junho 04, 2007

Pelé (ou aqui jaz)

Tinha um gato no meio do caminho
No meio do caminho tinha um gato
No meio do gato abriram um caminho
Tinha no gato um caminho de rato
Tinha também um caminhão no meio
No meio do caminho fechando a estrada
Fincada no meio uma cruz que ja(z) dizia:
"Pelé a quem no meio partiram"
Bem no meio do caminho ele tinha ficado
No meio do caminho tinha um gato

homenagem póstuma a pelé, um pobre gato.

sábado, junho 02, 2007

02 de junho de 2007

Hoje, 2.0
e a idade pesa sobre os ombros já doloridos
de uma noite mal dormida...
acho que a essa altura dá pra saber quem são os amigos
quantos são os amores, quais são os desejos e porquê tantos sonhos.
A cabeça ferve, e aos poucos vai queimando os fios de cabelos
que a partir de agora tendem a embranquecer...
... e mais do que meros segredos, os pensamentos vão tomando forma
criando asas e voando com os ventos do sul.
A vida passa a ser é um copo cheio no qual bebo satisfeito e que, antes de esvaziar
já encheram novamente, e de novo e mais uma vez até secar a garrafa.

Obrigado por você existir, por estar ao meu lado
(...) Marley cantava o amor, o mar encantou a flor*

Hoje 2.0
agradecer por estar nessa grande festa é o mínimo que se pode fazer
o que falta é festejar todo dia bom ou mal, com ou sem copo cheio
e correr pra buscar o sonho que voa, e voa alto em direção ao lado
oposto: o sul.

*trecho da música Obrigado de Cidade Negra

sábado, maio 26, 2007

Cenas do capítulo anterior (ou O Líderman)

Na cidade de Cachoeira City o pobre mortal Liderman mal sabia o que o esperava...
...eram 11hs quando a chegada no bangalô Jersey abalô seu estado físico e mental:
na cama, depois de horas de conversa com os novos amigos superheróis, um sono pesado
e com o raiar do sol, o líder dos líderes grita:
- Acordaaaaa!!! 6 horassss.

E todos os lídermans levantam com ultra disposições e mega poderes ocultos.
Todos, anciosos pra saber qual tarefa lhes dariam dessa vez: salvar o mundo de quê agora?
Ajudar que velhinha a atravessar a rua? Lutar por que direitos? Os dos donos de cachorros São Bernardo com vitiligo?
...enfim, os lídermans tiveram de cara trabalhos duros, mas nada impossíveis de se realizar:
-Diga seu nome, faça um gesto e se apresente para o seu colega.

Dia puxado, os superpoderes fervem e os lídermans seguem na missão de integração e aprendizagem ao longo dos proxímos dias...

to be continueted

quarta-feira, maio 16, 2007

a travessia é longa...

... e os passos parecem não levar a lugar nenhum
mais que caminhos, os pés desenham abismos
a cada metro deixado pra trás, revelava-se o medo
de pisar com força, de avançar.
Quando eu atravessava aquela rua eu morria de medo
de ver o seu sorriso e começar um velho sonho bom e o
sonho fatalmente viraria pesadelo, ali bem mesmo em
frente a um certo bar leblon*
as rachaduras do asfalto evidentes fazem a dúvida dos passos
e se não há um sinal vermelho pra parar, como então desitir
da travessia?
não dá, simplismente não dá, e se ao chegar do outro lado a
calçada não for tão segura quanto havia imaginado,
volto pro meio da rua e peço pra que venhas ao meu encontro.

*trecho da música Tesoura do desejo de Alceu Valença.

sábado, maio 12, 2007

4 horas de você

Essa semana ouvi alguém dizer:
- Como pode medir espaço com tempo?
10 minutos pra chegar ali, 2 horas de casa...

Mas isso é óbvio!
Todos estamos a tempos de distância:
do trabalho, de casa, da facul...
Pelo horário de Brasília estou a 4 horas de você

agora por exemplo, estou a 3 horas da orla
a 15 minutos da padaria e a 1 minuto da saída
tenho as mãos atadas no pescoço, mas o que
queria mesmo era tocar seu corpo*
mas as horas não deixam, a distância é grande
e definitivamente o tempo é o espaço.

*trecho da música de Zélia Ducan e Frejat

quarta-feira, maio 09, 2007

...

O amor é finalmente um embaraço de pernas,
uma confusão de bocas,um reboliço de ancas
e quem diz outra coisa é besta!

gostô, mas né meu não... é de Gregório de Mattos*


*trecho do filme Ó pai ó.

domingo, maio 06, 2007

ê Santiago

Eita povo doido!
Canta, ri, chora tudo ao mesmo tempo.
Graças o (a) Vitória a alegria está garantida,
e sem as piadas da Tia Ana o riso não tem graça...

as histórias de Vovó Chiquinha
e suas perdas constantes de memória,
Sem contar a rentável e "bombada" academia Fique Fino
com os sócios Bidhu e Francisco Jorge, vulgo Jean.

Primos e primas, mães e filhos
unidos pra celebrar sei lá o que
mas sempre celebrar...

... hoje o aniversário do Nêgo faceiro
e amanhã a graça de viver e morrer
Santiago!

à Léo, o nêgo mais faceiro
e mais nêgo que conheço.

sábado, maio 05, 2007

poucas palavras

Calar,
A melhor forma de se fazer entender.
Hoje li nos olhos de alguém as mais belas palavras
o segundo corria e esperava que ele dissesse algo
Mas o silêncio disse mais.
E quando a palavra fica por dizer e ninguém entende nada?
Em algumas vezes é melhor fingir que não ouviu (ou viu) coisa alguma.

Nem vem que não tem, vem que tem coração, tamanho trem
Como na palavra, palavra, a palavra estou em mim e fora de mim
quando você parece que não dá
Você diz que diz em silêncio o que eu não desejo ouvir
Tem me feito muito infeliz mas agora minha filha:Outras palavras*

Vi seus olhos, ouvi sua palavra
Quiz te ler mais, mas você nem me lê!
Não digo nada ás vezes, Digo...
pra somente você saber que não quero mais te ler
e sim ver seu olhar.
Pra mim e pra aquele cara com cara de Diretor de arte:
Poucas palavras.

*trecho da música Outras Palavras de Caetano Veloso.

domingo, abril 22, 2007

Ficar nú

Escrever é ficar nu. É mostrar-se todo aos outros. É deixar que façam sobre você todo tipo de leitura, a partir dos valores de quem lê, história de vida, crenças, fantasias e projeções. Escrever é atirar em alvo desconhecido. A flecha toca o alvo que o leitor conduz no seu real, imaginário ou no terra-a-terra da sua ótica. Quando criticamos, elogiamos, brincamos, elucidamos, emitimos opinião sobre pessoa, coisa ou lugar, é claro que nos expomos. O ato de escrever é uma eterna exposição, se é julgado sem direito à defesa, criticado até sem dó ou piedade, pois o leitor é um desconhecido. Dizem que escrever é um ato de coragem. Prefiro dizer que é medo. Medo de silenciar quanto a fatos, pessoas e atos. É medo de ser cúmplice do silêncio, indiferença, calúnia, violência, enganadores, líderes de araque e do descalabro.Escrever não é vaidade. Ao contrário. É aceitar que lhe grifem erros, riam de suas idéias e calem, quase sempre, quando imaginam que você está certo. A palavra posta no papel não mais lhe pertence e o contexto em que se insere, muitas vezes, é diferente do que você queria e o leitor imaginava. Saiu e pronto. Não sou muito de revisar o que escrevo. Se fizer isso, acabo alterando o sentido, mascarando ou destruindo o que brotou da imaginação, vivência, circunstância, momento e ambiente.Escrever, para mim, é relação complexa e solitária...

texto de João Soares Neto e um pouco meu

sábado, abril 21, 2007

O massacre

Momentos de tensão.
Onde todos pedem silêncio
é o lugar onde mais se abre a boca
e os carrascos vestem branco e suas
máscaras tem cheiro de xilocaína e flúor

- Larissa Santiago!

- Eu mesma.

- Vamos para a cadeira elétrica!

Ops... a cadeira reclina e tenta te deixar mais relaxado,
mas o barulhinho que vem da sala ao lado é assustador
e o torturador se aproxima... se aproxima... se aproxima...

- Sim, mas qual o procedimento?

- Aqui o paciente é quem decide. Pode ser o método mais lento ou mais rápido.

- Eu prefiro o mais rápido!

Lenta e dolosamente a tortura vai chegando ao fim
ou ao começo...
Perder um dente é sempre ganhar uma dor.

quarta-feira, abril 18, 2007

soledad (ou saudade)

Sabe quando você sente aquele perfurme
que te transporta pro pré primário?
Lá, todas as pessoas pareciam ter aquele
mesmo cheiro de perfume misturado com
massa de modelar... e também parecem
soldados do mesmo exército que obedecem
as "pró's".
Acho que fiquei tanto tempo lá e por isso não
consigo esquecer esse perfume: do suco de
maracujá, do giz de cera, dos meninos correndo
da solidão na hora do recreio.
De lá também guardo a habilidade de pintar, mas
que fique claro que pintar dentro da linha delimitada,
com precisão, uniformidade e lápis de cor.
Tudo isso graças a dependência do meu irmão,
que ficava na sala ao lado, mas como acreditava estar só
chorava, e saber que ele estava ali ao lado era pouco...

... e aí esse cheiro me veio de novo, enaquanto olhava Bidhu
e percebi o quanto amo esse guri e suco de maracujá.

domingo, abril 15, 2007

Sax Soprano

...você ficando com ela
e eu ficando sozinha.

enfim, desliza sua boca em mim
até me calar*

...São Jorge emociona
canta como ninguém
e traz as estrelas pra mim

No clarão do luar, te espero
cá nos braços do mar, me entrego**

...te espero,
mas você não sabe que me espera
a lua me leverá...

por você espero e me entrego

*trecho da música Melhor lugar, Jorge Vercilo
**trecho da música Avesso, Jorge Vercilo


sábado, abril 14, 2007

10hs 30min

acabou a aula
levantou e saiu
avistou ela mas não acreditou
que fosse para ele...

falou o que não queria falar
tocou onde não queria tocar
deu as costas a ela
foi como desse adeus a chance

amanhã começará tudo de novo
e ela vai reparar nele
e ele vai telefonar pra ela
pra novamente falarem sobre a aula
ou sobre qualquer outra coisa que
realmente não importe...

quinta-feira, abril 12, 2007

palavra-puxa-palavra

gato-cachorro-namorado-gato-cachorro-gato-
novelo-novela-clarinha-moça budita-drogas-
Carlos-arte-quadro-retroprojetor-Bel Marques-
vôa vôa-trio elétrico-eletrodomésticos-casa-quarto-
cama-tesão-sexo-tesão-fogo-bombeiro-gato...

segue em anexo o protesto contra o uso indevido
de palavras-puxa-palavras.

quarta-feira, abril 11, 2007

nêga ceia

Quem quiser vatapá oh que procure fazer
Primeiro o fubá, depois o dendê
e procure uma nêga baiana oh que saiba mexer
que saiba mexer, que saiba mexer

Nêgas baianas preparam na cozinha
as delícias para seus nêgos e nêgas
Eles esperam anciosamente sentir o gosto da magia
Cada tempero é uma porção mágica
Cada mexida é um ritual sagrado

E no auge da cerimônia a fome devora o cheiro
a tontura provocada deixa em êxtase os nêgos e nêgas
a mesa preparada para o ritual ganha cor e texturas
e as nêgas mágicas se sentam e participam do ritual
dedicado aos simples e mortais nêgos famintos

às nêgas mais faceiras da familia Santiago

terça-feira, abril 10, 2007

aula de mídia 1


Sua aula está um saco?
Seus alunos estão dormindo e conversando?
Você não sabe mais que imagem trazer para impressionar?

CHEGOU O NOVO E REVOLUCIONÁRIO ALLANETION TABAJARA

Ele é um boneco inflável com um sistema inovador
que grava tudo que você professor fala
e meia hora antes da aula acabar
repete tudo em forma de perguntas óbvias!
E seu alunos ainda ganham inteiramente de grátis
dreads para enrolar durante aquelas aulas demasiadamente chatas

Tá claro?

quinta-feira, março 29, 2007

Cara e Coragem

faz calor aí e você tão frio
não posso dizer o que não sei
dançar é o que me leva aí
se você desejar com mais força eu chego
um dia, uma dia
um dia...*

pra dançar do teu lado
e quando o frio chegar não sentir
ver calor pingar no suor
e as mãos trêmulas combinadas
o momento que não acaba com o minimizar
quando seu peito for meu leito

aqui faz frio que congela o amor
fazendo a cama ter lugar pra dois
se você chegar eu não vou
mas se ele (amor) vier, vamos!
embrulhados em mantas de lágrimas
aquecidos com o sabor do vinho

*trecho da música Um dia, Diamba

terça-feira, março 27, 2007

horóscopo do dia

Seja você mesmo: mostre a pessoa amada quais são seus sentimentos, seus sonhos, suas expectativas. E tente encontrar o caminho da harmonia na vida a dois*

Falar tudo o que sinto?
Sinto muito...
tanto que é inexplicável e misturado
Quer dizer (mas o que quer dizer "quer dizer"?)
Querer dizer é pensar no que não dizer
É melhor não falar, calar
Nem se conseguisse falaria...
você não entenderia
xá pra lá
Mesmo assim vcê fica sabendo
que meu guru não tem razão
Eu não posso dizer te amo

*guruweb.com

segunda-feira, março 26, 2007

meios velhos e os novos

Ahhhhhhh!!!!
não dá pra acreditar que ainda existe alguém escrevendo romanticamente.
Ainda bem que não estamos só

(...)

Não vá levar tudo tão a sério,
sentindo o que dá, deixa correr...*

e o olhar percorre você,
sem querer já te vi, pedindo que você me olhe
e nesse jogo, não consigo não disfarçar

(...)

Mas a carta é extraordinária!
Que saudades que senti quando a li
Como se visse você,
mas será?

Por que será?
Vou pensar...**

Quero você pra mim
lá, cá, dá, dê...
te olhei e não me viste
desde que te olho

e tenho dito: Te olho.


*trecho da música A carta, Djavan
**trecho da música O vento, Los Hermanos




quinta-feira, março 22, 2007

p.s.:

Tenho inveja dos poetas!
Oh... como fazem pra expressar sentimentos?
Usam a fantasia, combinam palavras,
escrevem aos amores.
Pobre poeta, miserável, pois não tens amores
não tens sentimentos, não tens palavras.
O que tens é inveja, inveja dos que escrevem,
dizem, demonstram emoção
um dia serás como eles: poetas, loucos, apaixonados

inveja ao baiano Castro Alves

segunda-feira, março 19, 2007

Indo ao azul...

...a Infância morreu.
Era linda, cheia de pássaros,
morros, meninos e alegria.
Andava sem pudor, sorria de tudo;
amava brincar e correr por entre os prédios.
Jogar bola, esconde-esconde era seu costume,
infelizmente ela morreu, deixando saudade a quem ficou,
deixando um nó na garganta de quem tanto a amava.
Mas ela viverá pra sempre no incosciente crescido,
no peito amadurecido, na canção serena...
...viverá pra acompanhar nossa velha lembrança
e fará de novo soltar o riso, antes da criança.

dedicado à Val, Nane, Kel, Mili, Suzy, Ana e Jose

domingo, março 18, 2007

Andei só

Onde estão meus sapatos velhos que davam
o ar da graça no meu visual tão casual?
Não estão mais comigo desde que os dias são cinzas
e os prédios coloridos.
No lugar dos sapatos os pés andam tocando o chão,
um par de pés solitário que está sem sapatos, sem acompanhante.
Eu ando, olho e não encontro nas vitrines de toda a cidade
nenhum par que encaixe, que se ajuste, que me agrade.
Desejaria um par, nem precisa ser bonito...
... nem muito pequeno nem muito grande, confortável.
Um par de sapatos que aqueça meus pés, que esconda
minhas unhas defeituosas, que valorize minhas pernas,
que tenha disposição pra ficar no meu pé um dia todo
e, em casa, libere o odor descomunal, e que no fundo tanto gosto.
Enquanto isso ando descalça e miro todas as vitrines, sozinha
sem meu par de sapatos.

quarta-feira, março 14, 2007

TAK-DUM

e tem também a alegria seguida da surpresa
o beijo seguido do adeus
o cobertor depois do banho frio
o esmalte vermelho sobre a pele branca
o sorriso após o telefonema
o ódio depois da imagem
a lágrima seguida da música
o deitar após o sono
a razão bem depois da viajem
o sangue sobre a perna
e tem também o chocolate depois da chuva
e antes e depois...

terça-feira, março 13, 2007

Morte por um vivo

A viagem é longa
tão longa que o texto é curto,
as palavras voam, mas o tempo no ônibus é lento.
Pausa para um momento de lucidez:
- Você está lendo o Salmo de Salomão?
- Não, Porquê?
- Comece a rezar, esse ônibus vai virar.
Bom seria se ele virasse um avião, ou um disco voador
e me levasse onde quero ir.
Por enquanto a estrada me leva a monotonia e ao repouso
do apertamento.

- Por que a única certeza que nós tem nessa vida é a morte.
Só não sabemos a hora. Essa é a angústia.
e completou:
-Nostradamus, ano de 2000. Se acabou? Se acabaou? Se acaba
é cada um de nós. Esse ônibus vai é virar! aaahahhahaha

No fundo niguém tem medo da morte; só pena de deixar a vida.
Nem Marizete, nem Johan, nem Giorgia...
- Desculpa Senhora, mas minha parada é no próximo ponto, motô!
Adeus.

segunda-feira, março 12, 2007

O Indiscutível

O que move a fé?
Interesses próprios?
Causas sociais?
Honra perdida?
Problemas não resolvidos?
Conflitos históricos?
Deus Deus por que me abandonastes!
Jah Jah por que me abandonastes!
Buda Buda por que me abandonastes!
Alah Alah por que me abandonastes!
Krishna Krishna por que me abandonastes!
Tantos nomes, tantos povos, tantos apelos
A quem Ele protegerá?

"Simplesmente respire as maravilhas de Deus que são perfeitas e não precisam de nenhum homem para aperfeiçoá-las ou explicá-las"*

*trecho do I- rmão João Haze

sábado, março 10, 2007

Barra saudade Grande (ou Bah, arauá)

Fecho os olhos, vou ao Arauá
clima bom , sol e suor
mar, areias e pedras num calor febril*
a lembrança vem do reguear
o reguear lembra você

... um vento bom vai te levar**
te trazer.

Lá onde o mar é límpido
tomaremos banho juntos
de verdade e pra sempre

A lua e o vinho pedem poesia
a lágrima fala presença
você (eu e você)

Nunca senti tanto você
as estrelas eram minhas
elas me davam tua face
branca e lânguida, como elas

Desejei como não desejaria
do âmago mais sagrado
na prece mais silenciosa
eu chamo você
e cerro meus olhos pois é noite
hoje, toda noite é Arauá
Arauá eu e você...

*trecho da música Sol mar areias e pedra, Diamba.
**trecho da música Vento bom, Diamba.

As Deusas-mãe (homegangem póstuma)

É delas que nascem os gênios
capazes de construir a humanidade
É da dor do parto que nasce cada criador
cada invenção.

Mulher: antes matriarca
durante amaldiçoada
depois magnata

Toda gratidão a você
que todos os dias dá luz
á novas idéias,
novos carinhos,
novas mulheres.

homenagem ao Dia das Mulés

quarta-feira, março 07, 2007

taboca.:

Bot, Brasil.: espécie de bambu;
doce seco de aspecto semelhante a papel pardo;
casa de pequeno negócio;
fig., logro
decepção
recusa

Gosto amargo no paladar
do liquido produzido no fígado, não?
doce é que não é... fiino e frágil
O homem grita "olha a taboca" e bate seu triângulo pelas ruas do Pelô,
pela mente Ele, que decepciona
frustra as expectativas, amarga o sentimento.
Não, não é doce o gosto da taboca

(...)

O gosto chega mesmo de muito longe pra atingir o paladar
e quando perto traz gosto de vingança
Os Senhores Tabocas gritam "Olha a taboca"
e os compradores olham, miram sem nada fazer
- Senhoras, provar taboca é mais que casual, é necessário
- E então, vamos levar taboca?

terça-feira, março 06, 2007

As Praieiras I

Segunda,
a mesmice bate a porta
sente-se de longe seu odor
que faz o cérebro funcionar lento
Acordar é preciso...
a esperança de que o tempo dará surpresas
é maior que tal vontade.
Transporte coletivo incomparavelmente lotado:
suor, calor, pisão, calor

Uma cerveja antes do almoço é muito bom
pra ficar pensando melhor... tcharam tcharam
tchammmmmmm*

Mais amigas, mais alegrias
mais esperança
mais uma: 1 cerveja, 3 copos, 2 goles
pra sentir o peito aquecer, o mundo girar
o riso aflorar e tudo ficar mais colorido
apesar do cinza do céu
Pra acompanhar - sorvete- ele que lambuza
e resfria o tórrido sol que chega até a cabeça
a essa altura, já sem distinguir o que é esperança
e o que é segunda feira.

(*trecho da música A Praieira de Chico Science)

domingo, fevereiro 11, 2007

Para Bidhu

Estávamos nós, alunos da 4° série, anciosos para conhecer nossa professora, que iria nos ensinar durante todo o ano. Seu nome já sabíamos, Rosana, mas queríamos conhecer seu jeito, sua personalidade.
No meio da aula, enquanto todos olhavam encantados e ouvindo a professora, fomos interrompidos por um grito assustado dela. No mesmo instante todos nos assustamos e rimos. Isso porque a professora se assustou com um pequeno cacho de banana que caiu do quintal vizinho.
Assim, por causa do cacho de banana descobrimos que a nossa professora tem medo de frutas!