terça-feira, maio 31, 2011

turbilhão

As palavras que colocas na expressão do teu rosto
Fazem-me beber os silêncios que me contas
Gestos, indefinidos, decifram o bater de um coração agitado
Gostar de ti não é tão simples assim
Mas na verdade não se torna complexo, quando sentido
Com o teu jeito, a cada dia me mostras que é possível viver sem ti
Mas não o que me faz feliz, e completa, inteira e intensa, composta por pedaços não inteiramente meus


poesia de Cátia Gomes

sábado, maio 28, 2011

poema para um grande amor

se apaixonar por uma cidade
se emocionar com seus sons
sentir saudade das ladeiras
dos jogos ordinários dela

caoticidade das pessoas
sorriso do sol a presentear
paredes que são seu retrato

enamorar-se a um lugar
falar dele noite e dia
com lágrima na garganta
vibrato de amor

as vidas foram unidas
pelos atabaques do coração
pela brisa fresca do poeta
pelo vulto dos casarões encantados

de tanto estar em você
a cidade também te ama
e te envolve com ciúme
relacionamento cosmopersonal

dança das paredes, do asfalto
é o amor entre um solo e uma
multidão, entre alguém e sua criação

quinta-feira, maio 26, 2011

traquejo

para apreciar o sol pestanejo
e se quero nas ondas andar
me deito e aqueço meu corpo
a elas, linhas do lençol equador

se quiser me amparar, bocejo
elejo um dia da semana e sem
gracejo tomo a atitude correta
as dores engulo com pedaços de queijo

meio enrolada percebo
que nada me falta
mas que a alegria
que tinha antes traquejo
me foge das mãos
tal qual inquieto brinquedo

domingo, maio 15, 2011

murrinha

solidão é se ver no espelho
só lodo, bafo e mancha
sozinho com mil amigos
adicionados no condicionador
três dormem contigo
mas os mesmos três sós

olhar pra você é nojo
sentir esse cheiro, entojo
ferida, ranho e calo
isso é cheio de solidão
espumas limpas no ralo
é assim que se é só

sábado, maio 14, 2011

_____________________________navalha da trsiteza

aprendi a me rasgar por dentro
me ferir sozinha
entranhas minhas
a sorrir calada com lágrima
entalada com a garganta doída
aprendi a me cortar louca
e depois limpar meu sangue
com o sal da minha língua
vendo todos olharem
pensando que sou bem
que tenho e bem vou
a tristeza quem me ensinou
se digo hoje eu sei



terça-feira, maio 10, 2011

drinks

quando bebo te preciso
choro até ficar sã
quando bebo além de rodar
me coração te quer com afã
de quem ama e não tem
sensação de
rimem!

segunda-feira, maio 09, 2011

alguns poucos olhos

as pessoas veem dores
veem bichos, hospitais
amores
as pessoas veem o que querem
eu quero que você me veja
me olhe com olhos tranquilos e meus
mas as pessoas veem medo
veem vela e dedo
eu é que sempre te vejo
de tanto olhar fico tesa
e ao me despedir
impeço o que me deseja