quinta-feira, janeiro 27, 2011

de noite

porres
dores
goles
o que fará te esquecer

choro
coro
outro namoro

vá embora
porque cada hora
é muito dia a devagar


digitando

conversas sensuais
vazia de assuntos banais
como eu queria que voltássemos atrás
e tudo fosse inocente, nosso, crescente
falas apagadas com teclas
janelas fechadas
amor de fachada

conversas não são mais
que palavras jogadas
sentimentos como porradas
esquecidas por quem dada
lembradas por alguém sofrida

terça-feira, janeiro 25, 2011

quarto andar

tardes ventosas me dão
sono
som
tardes de céu cinza
de nuvens brancas
apartamentos comigo

tardes calorosas me dão
fome
nome
noites de tv's ligadas
brancos de computador

tardes solitárias me dão
você

segunda-feira, janeiro 24, 2011

quarta-feira, janeiro 12, 2011

tédio

você entediou meu coração
e quando eu vi o mar da Bahia
tranquilizei aqueles pensamentos
era você me entediando outra vez

melancolia era seu nome
esconderam de mim
não me disseram antes
se eu soubesse eu não veria
aquele mar de amores

você arrebatou meu coração
levou pr'aqueles lados
e nunca mais o trouxe pra mim
não me importa, fique
ele é mais seu do que dessa dor torta

(podia também se chamar "mar da Bahia")

segunda-feira, janeiro 10, 2011

.

pálpebras: palmas
estás resistindo a mim
e não cerres enquanto
terminem meus olhares

domingo, janeiro 09, 2011

era (ou ainda será)

essas horas eram nossas
frações fixadas no visor
de qualquer um de nossos
celulares, medulares
nessa hora exata
a lua era nossa e nossa cama
era um pouco minha e muito sua
preenchidas pelos amores vazios
e conversas de cobertor
essa era nossa hora
de eternizar o segundo
e entender baixinho nosso mundo

sexta-feira, janeiro 07, 2011

misturado

apertos repentinos
significam ideias no peito
permitem fantasias
sonhos e pernas
abertas

sentimentos assassinos
verificam se há conserto
investigam primazias
sinapses e olhos
fechados

regimento de menino
machucam direito
mergulham alegrias
num mundo e ouvido
cansados

quinta-feira, janeiro 06, 2011

me negar

esquecerei as ruas
não mencionarei as janelas
corriqueiras, cotidianas
não serão poesias os passos
nem tampouco os beijos
motoristas
malucos
merecerei julgamentos
escárnios, lamentos
apagões, denegações
esquecerei meus elementos
minhas espumas
minhas palavras
e ficarei vazia
despreenchida
esquecerei de quê se escreve
esquecerei de viver

quarta-feira, janeiro 05, 2011

suor

na cidade onde o sol não morre
tudo derrete
o chão, as árvores, o coração
o asfalto ferve e o brilho
do astro cintila os carros
que calor do inferno!
trinta graus sentidos
na pele que arde
no prédio que desbota
e bota água pra dentro
a cidade onde o sol nasce às seis
cansou de derreter dessa vez

terça-feira, janeiro 04, 2011

falta

fazem falta as peles
os dias a encostar
meus pés nos seus
fazem falta os cafés
e os sorrisos melódicos

trazem saudades de volta
suas mãos eram milagres
trazem cardápios à porta
mão na minha me sufoca

arranca-me o ar no verão
mas não me deixa só no refrão

segunda-feira, janeiro 03, 2011

decorar

vestidos coloridos
para festas de tarde cinza
jogos imaturos de família
e casas de parede rosa

o mundo é uma roda, menina
hoje é azul, amanhã é nódoa
amarelo, bege, anilina
o que importa são as voltas

lilases enfeitam as unhas
e cada sorriso amarelo
embeleza a lágrima branca
que escorre no peito nuelo

arrume os sapatos por favor
separe as fotos em cor
das preto e branco
não lamente caso amanhã
escorra o vermelho por entre o tamanco

domingo, janeiro 02, 2011

sua rua

a voz rouca
atravessa as paredes
e as ruas da Barra Avenida
clamam seu nome
como cantam as melodias
do domingo à noite

distraí aquela rua
entorpeci alguns cantores
e chorei quase na mesa do bar
sentei de novo
no muro que nos dividiu
no mar que nos dividiu
o dia me iludiu

o tom me tocou
diferente de como
toquei você
eu não toquei você
mas mesmo assim
morrestes em mim
e de novo a rua
me enfeitiçou

me tomou como mulher
cantou a última canção
trouxe versos e vigas
encantou as luas da Barra
enfeitou as barracas do sol
fez dançar os casais bêbados

e nuca mais seremos os mesmos sós