quinta-feira, março 29, 2007

Cara e Coragem

faz calor aí e você tão frio
não posso dizer o que não sei
dançar é o que me leva aí
se você desejar com mais força eu chego
um dia, uma dia
um dia...*

pra dançar do teu lado
e quando o frio chegar não sentir
ver calor pingar no suor
e as mãos trêmulas combinadas
o momento que não acaba com o minimizar
quando seu peito for meu leito

aqui faz frio que congela o amor
fazendo a cama ter lugar pra dois
se você chegar eu não vou
mas se ele (amor) vier, vamos!
embrulhados em mantas de lágrimas
aquecidos com o sabor do vinho

*trecho da música Um dia, Diamba

terça-feira, março 27, 2007

horóscopo do dia

Seja você mesmo: mostre a pessoa amada quais são seus sentimentos, seus sonhos, suas expectativas. E tente encontrar o caminho da harmonia na vida a dois*

Falar tudo o que sinto?
Sinto muito...
tanto que é inexplicável e misturado
Quer dizer (mas o que quer dizer "quer dizer"?)
Querer dizer é pensar no que não dizer
É melhor não falar, calar
Nem se conseguisse falaria...
você não entenderia
xá pra lá
Mesmo assim vcê fica sabendo
que meu guru não tem razão
Eu não posso dizer te amo

*guruweb.com

segunda-feira, março 26, 2007

meios velhos e os novos

Ahhhhhhh!!!!
não dá pra acreditar que ainda existe alguém escrevendo romanticamente.
Ainda bem que não estamos só

(...)

Não vá levar tudo tão a sério,
sentindo o que dá, deixa correr...*

e o olhar percorre você,
sem querer já te vi, pedindo que você me olhe
e nesse jogo, não consigo não disfarçar

(...)

Mas a carta é extraordinária!
Que saudades que senti quando a li
Como se visse você,
mas será?

Por que será?
Vou pensar...**

Quero você pra mim
lá, cá, dá, dê...
te olhei e não me viste
desde que te olho

e tenho dito: Te olho.


*trecho da música A carta, Djavan
**trecho da música O vento, Los Hermanos




quinta-feira, março 22, 2007

p.s.:

Tenho inveja dos poetas!
Oh... como fazem pra expressar sentimentos?
Usam a fantasia, combinam palavras,
escrevem aos amores.
Pobre poeta, miserável, pois não tens amores
não tens sentimentos, não tens palavras.
O que tens é inveja, inveja dos que escrevem,
dizem, demonstram emoção
um dia serás como eles: poetas, loucos, apaixonados

inveja ao baiano Castro Alves

segunda-feira, março 19, 2007

Indo ao azul...

...a Infância morreu.
Era linda, cheia de pássaros,
morros, meninos e alegria.
Andava sem pudor, sorria de tudo;
amava brincar e correr por entre os prédios.
Jogar bola, esconde-esconde era seu costume,
infelizmente ela morreu, deixando saudade a quem ficou,
deixando um nó na garganta de quem tanto a amava.
Mas ela viverá pra sempre no incosciente crescido,
no peito amadurecido, na canção serena...
...viverá pra acompanhar nossa velha lembrança
e fará de novo soltar o riso, antes da criança.

dedicado à Val, Nane, Kel, Mili, Suzy, Ana e Jose

domingo, março 18, 2007

Andei só

Onde estão meus sapatos velhos que davam
o ar da graça no meu visual tão casual?
Não estão mais comigo desde que os dias são cinzas
e os prédios coloridos.
No lugar dos sapatos os pés andam tocando o chão,
um par de pés solitário que está sem sapatos, sem acompanhante.
Eu ando, olho e não encontro nas vitrines de toda a cidade
nenhum par que encaixe, que se ajuste, que me agrade.
Desejaria um par, nem precisa ser bonito...
... nem muito pequeno nem muito grande, confortável.
Um par de sapatos que aqueça meus pés, que esconda
minhas unhas defeituosas, que valorize minhas pernas,
que tenha disposição pra ficar no meu pé um dia todo
e, em casa, libere o odor descomunal, e que no fundo tanto gosto.
Enquanto isso ando descalça e miro todas as vitrines, sozinha
sem meu par de sapatos.

quarta-feira, março 14, 2007

TAK-DUM

e tem também a alegria seguida da surpresa
o beijo seguido do adeus
o cobertor depois do banho frio
o esmalte vermelho sobre a pele branca
o sorriso após o telefonema
o ódio depois da imagem
a lágrima seguida da música
o deitar após o sono
a razão bem depois da viajem
o sangue sobre a perna
e tem também o chocolate depois da chuva
e antes e depois...

terça-feira, março 13, 2007

Morte por um vivo

A viagem é longa
tão longa que o texto é curto,
as palavras voam, mas o tempo no ônibus é lento.
Pausa para um momento de lucidez:
- Você está lendo o Salmo de Salomão?
- Não, Porquê?
- Comece a rezar, esse ônibus vai virar.
Bom seria se ele virasse um avião, ou um disco voador
e me levasse onde quero ir.
Por enquanto a estrada me leva a monotonia e ao repouso
do apertamento.

- Por que a única certeza que nós tem nessa vida é a morte.
Só não sabemos a hora. Essa é a angústia.
e completou:
-Nostradamus, ano de 2000. Se acabou? Se acabaou? Se acaba
é cada um de nós. Esse ônibus vai é virar! aaahahhahaha

No fundo niguém tem medo da morte; só pena de deixar a vida.
Nem Marizete, nem Johan, nem Giorgia...
- Desculpa Senhora, mas minha parada é no próximo ponto, motô!
Adeus.

segunda-feira, março 12, 2007

O Indiscutível

O que move a fé?
Interesses próprios?
Causas sociais?
Honra perdida?
Problemas não resolvidos?
Conflitos históricos?
Deus Deus por que me abandonastes!
Jah Jah por que me abandonastes!
Buda Buda por que me abandonastes!
Alah Alah por que me abandonastes!
Krishna Krishna por que me abandonastes!
Tantos nomes, tantos povos, tantos apelos
A quem Ele protegerá?

"Simplesmente respire as maravilhas de Deus que são perfeitas e não precisam de nenhum homem para aperfeiçoá-las ou explicá-las"*

*trecho do I- rmão João Haze

sábado, março 10, 2007

Barra saudade Grande (ou Bah, arauá)

Fecho os olhos, vou ao Arauá
clima bom , sol e suor
mar, areias e pedras num calor febril*
a lembrança vem do reguear
o reguear lembra você

... um vento bom vai te levar**
te trazer.

Lá onde o mar é límpido
tomaremos banho juntos
de verdade e pra sempre

A lua e o vinho pedem poesia
a lágrima fala presença
você (eu e você)

Nunca senti tanto você
as estrelas eram minhas
elas me davam tua face
branca e lânguida, como elas

Desejei como não desejaria
do âmago mais sagrado
na prece mais silenciosa
eu chamo você
e cerro meus olhos pois é noite
hoje, toda noite é Arauá
Arauá eu e você...

*trecho da música Sol mar areias e pedra, Diamba.
**trecho da música Vento bom, Diamba.

As Deusas-mãe (homegangem póstuma)

É delas que nascem os gênios
capazes de construir a humanidade
É da dor do parto que nasce cada criador
cada invenção.

Mulher: antes matriarca
durante amaldiçoada
depois magnata

Toda gratidão a você
que todos os dias dá luz
á novas idéias,
novos carinhos,
novas mulheres.

homenagem ao Dia das Mulés

quarta-feira, março 07, 2007

taboca.:

Bot, Brasil.: espécie de bambu;
doce seco de aspecto semelhante a papel pardo;
casa de pequeno negócio;
fig., logro
decepção
recusa

Gosto amargo no paladar
do liquido produzido no fígado, não?
doce é que não é... fiino e frágil
O homem grita "olha a taboca" e bate seu triângulo pelas ruas do Pelô,
pela mente Ele, que decepciona
frustra as expectativas, amarga o sentimento.
Não, não é doce o gosto da taboca

(...)

O gosto chega mesmo de muito longe pra atingir o paladar
e quando perto traz gosto de vingança
Os Senhores Tabocas gritam "Olha a taboca"
e os compradores olham, miram sem nada fazer
- Senhoras, provar taboca é mais que casual, é necessário
- E então, vamos levar taboca?

terça-feira, março 06, 2007

As Praieiras I

Segunda,
a mesmice bate a porta
sente-se de longe seu odor
que faz o cérebro funcionar lento
Acordar é preciso...
a esperança de que o tempo dará surpresas
é maior que tal vontade.
Transporte coletivo incomparavelmente lotado:
suor, calor, pisão, calor

Uma cerveja antes do almoço é muito bom
pra ficar pensando melhor... tcharam tcharam
tchammmmmmm*

Mais amigas, mais alegrias
mais esperança
mais uma: 1 cerveja, 3 copos, 2 goles
pra sentir o peito aquecer, o mundo girar
o riso aflorar e tudo ficar mais colorido
apesar do cinza do céu
Pra acompanhar - sorvete- ele que lambuza
e resfria o tórrido sol que chega até a cabeça
a essa altura, já sem distinguir o que é esperança
e o que é segunda feira.

(*trecho da música A Praieira de Chico Science)