domingo, agosto 19, 2007

Loucos de pedra, flor e espinho

Desde menino admirava os loucos.
Se impressionava ao vê-los livres,
passeando pelas ruas, falando sozinhos.
Queria ser como eles, talvez fosse um pouco:
falava sozinho em frente ao espelho, ria pro mar
e acusava a areia de ser "malfeitiça".
Olhava os malucos com inveja e via algum juízo
no atravessar da longa Avenida Dois Leões.
Dizia ele que os loucos deixavam a cidade menos cinza,
um pouco triste e mais interessante quando se atreviam
a riscar as paredes ou a escreverem gentilezas nos muros.
- Louco universo esse nosso!
E dizia com convicção, num tom confortável de voz:
- Gosto de pensar que os loucos somos nós e eles sim,
os de perfeita saúde mental.
De tanto mirar por horas os diversos loucos que transitavam
naquela e noutras avenidas, ele aprendeu a desejar-lhes
bom dia e a gostar de piadas sobre loucura.

ao Velho Dil, para quem eu era a Bela Napolitana.

3 comentários:

Anônimo disse...

Louca de Vida!
Vc! e nem precisa admirar os loucos.
amotu

PatSodré disse...

Outros acabam por virar mais loucos que aqueles!

talvez seja o nosso caso!

Anônimo disse...

Este universo me facina tanto que em alguns momentos, entre as poucas linhas expostas, consegui me transportar para a mente alheia, presente a orla ornamental de pessoas sensíveis. Abraço Luciano Nunes (Podrera)