segunda-feira, outubro 08, 2007

aterrissagem

Aparentava ter 60 anos.
Um camisa verde coloria sua face cinza,
cansada e ainda cheia de vontade de vida.
Sentado de pernas levemente cruzadas, tinha um caderno e
anotava...
... escrevia sem parar enquanto olhava os aviões partirem
e chegaremm e chegaremm, partiremm...
Lembrava meu avô, que nunca conheci, é verdade, mas eu sentia
que lembrava. No sorriso. Na aura.

Dias depois estava lá, mesmo lugar, mesmas pernas, mesmo caderno.
Sentado, interroguei:
- Escreves? Aposto que é sensível!
- Não. Gasto a solidão!
Todos são solitários, mas ele dava a sua aos aviões.
- Uso meus dias a contar quantos vem e vão... quais vão e nunca voltam.
E eu esperava um também, há tempos.
- E... - ele me interropeu antes que perguntasse porque.
- São como mulheres. Pousam, deixam e levam algo.
Os que vão, nunca sei se voltam. Não sei quem são, de fato.
E continuou, me permitindo olhar o pouso de um avião:
- Só espero todos os dias poder saber quem aterrizou, se voltou...

Não reclamo mais daquela longa espera.

5 comentários:

Anônimo disse...

"Lembrava meu avô, que nunca conheci"

e lembro tbm...
lindo

Lucas Portilho Gomes disse...

o texto é seu?


se for, parabéns...

Larissa Santiago disse...

eh meu simmm
brigada!

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