Escrever é ficar nu. É mostrar-se todo aos outros. É deixar que façam sobre você todo tipo de leitura, a partir dos valores de quem lê, história de vida, crenças, fantasias e projeções. Escrever é atirar em alvo desconhecido. A flecha toca o alvo que o leitor conduz no seu real, imaginário ou no terra-a-terra da sua ótica. Quando criticamos, elogiamos, brincamos, elucidamos, emitimos opinião sobre pessoa, coisa ou lugar, é claro que nos expomos. O ato de escrever é uma eterna exposição, se é julgado sem direito à defesa, criticado até sem dó ou piedade, pois o leitor é um desconhecido. Dizem que escrever é um ato de coragem. Prefiro dizer que é medo. Medo de silenciar quanto a fatos, pessoas e atos. É medo de ser cúmplice do silêncio, indiferença, calúnia, violência, enganadores, líderes de araque e do descalabro.Escrever não é vaidade. Ao contrário. É aceitar que lhe grifem erros, riam de suas idéias e calem, quase sempre, quando imaginam que você está certo. A palavra posta no papel não mais lhe pertence e o contexto em que se insere, muitas vezes, é diferente do que você queria e o leitor imaginava. Saiu e pronto. Não sou muito de revisar o que escrevo. Se fizer isso, acabo alterando o sentido, mascarando ou destruindo o que brotou da imaginação, vivência, circunstância, momento e ambiente.Escrever, para mim, é relação complexa e solitária...
texto de João Soares Neto e um pouco meu
2 comentários:
Oh flor!
Escrever é sim, se expor a]á clareza de ideias e percepões.
é ótimo ser julgado pela escrita de ideias bagunçadas e nao pre formadas..ou sim.
Assino com uma esferográfica que às vezes teima em falhar. Nos muros da velhice em carne, quero: papel, caneta e livros, muitos livros. Munição que... Sem elas, estaria nú. Lembranças de Luciano Nunes (Podrera)
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