Apesar do peso desse dia e de todos os acontecimentos dessa semana que passou e que nos mostrou as mais incríveis faces do racismo, homofobia e discriminação, trarei no meu texto uma palavra de força, uma canção de alento e uma visão de dias melhores. Não pelo meu otimismo - que aos poucos tem se apagado com tanta coisa horrenda - mas pelo meus irmãos, os de sangue e os da luta. Por eles que ao meu lado blogam, dão entrevistas, fazem rap na escola ou ainda me indicam lindas canções de amor.
Meu texto pretensioso quer dizer quem fomos e somos: Marleys, Luislindas, Malcons, Ivones, Joaquims, Gabrielas, Leandros, Simonals, Angelas e Ellens Olérias que invadem os lares, os ouvidos, os livros e as ruas. Que hoje visibilizados pela internet ou pelos nossos discursos precisam ser os espelhos, os exemplos de luta e vitória (sim, ainda falta muito, mas já conseguimos algumas coisas).
Apesar de cada aperto no coração ao ouvir declarações desnecessárias ou por não ouvir nenhum pedido de desculpa, me inflamo com o espírito dos ancestrais e escrevo. E falo e canto.
"Tudo isso pra quê, né? O Fraga podia ter pedido desculpas. Era só isso, sabe. Admitir que não teve intenção de ofender, mas que, como ofendeu, se sente muito mesmo. Se o pai dele é negro, ele devia saber como essas coisas doem. E quando a gente machuca alguém, mesmo sem querer, a gente pede desculpa, sabe. Imediatamente. Pisei no seu pé? Desculpa. Não foi por querer, mas desculpa. " Jeanne Callegari sobre o caso Ronaldo Fraga na SPFW
É só dizer que errou humanidade, que a gente faz o resto. A gente tá fazendo mesmo sem o pedido, não é? Juntos já avançamos e não descansaremos enquanto as notícias não forem melhores. Não posso deixar passar nada porque me dói e dói meu irmão, não é Leandro?
Nossas intenções são as melhores e hoje em respeito e homenagem ao meu passado que foi assassinado e hostilizado em manifestações na África do Sul, Brixton ou Alabama eu canto uma canção de esperança e solidariedade. Canto para todas as mulheres negras, em homenagem as rappers, as domésticas da minha rua, canto em solidariedade a moça do Distrito Federal e ao guardador de carro da frente do Paço Alfândega.
Ainda falta muito, mas até aqui me trouxe Luther, Mandela, Mãe Menininha, Spikee Lee, Leila Andrade, Tia Ciata, Elisa Lucinda, Sueli Carneiro, Morgan Freeman, Tupac...
Esse post faz parte da BLOGAGEM COLETIVA PELO DIA INTERNACIONAL PELA ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL, uma iniciativa BLOGUEIRAS NEGRAS.
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