Qual delas será tão tonta que se acomode
aos desares de partir com seus pesares de amor,
assistência, e tratos, se as damas não são sapatos
que se hajam de ter aos pares?
Dá-me, amor, a escolher de duas uma demônia.
Eu não deixo uma por outra, nem escolho outra por uma;
não há dúvida nenhuma, ambas são moças de porte
e se não mo estorva a morte ambas me hão de vir à mão.
Isto, que remédio tem, sejam entre si tão manas,
que repartindo as semanas vá uma, quando a outra vem;
que eu repartirei também jimbo, carinho e favor,
porque advirta algum doutor que, sendo à lógica o oposto,
na aritimética do gosto pode repartir-se o amor*
Entre duas, às vezes.
Dividir-se assim dá a impressão que se soma,
soma que resulta em zero.
Sozinho, sempre.
trecho de um poema de Gregório de Mattos
livro Boca do Inferno, Ana Miranda.
Amo esse livro. Já li 3x em menos de dois anos. Aliás, Gregório de Matos foi meu TCC!
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