segunda-feira, março 27, 2017

alívio

meu sossego
minha alma
meu projeto de vida
meu par
minha amiga
meu espelho
meu desejo
mãe da minha filha
meu cachorro!
minha casa em Itaparica
meu sorriso
minha poeta
fim da minha poesia

terça-feira, janeiro 03, 2017

não há nada

não há loucura para os que
não dormem
nem comem nem sabem
que dia é hoje
perto do ano novo
e eles fazem esculturas
no vento
desenhos no ar
pretos como o horizonte
lisos como os objetivos
sozinhos como o meu
coração
não tem elegância nem
glamour nem poesia
naquela loucura
há muita tristeza
tristeza
choro engasgado
na noite esquizofrênica
dos homens da rua

terça-feira, dezembro 20, 2016

guarulhos, dezoito de dezembro

eu
que sinto fome
depois de comer
não sei como
me sinto
diante de uma
dor que dói
como soco no estômago

eu
que "nem preta sou"
sento e choro
na frente
de gente
q não se parece
com a minha

eu mesma
filha de Maria
neta Carmela
bebi raiva
com balas de ódio
escolhido
sabor gengibre

Procendimento de
Rotina
Racista

sentei
ruminei
chorei e
vomitei
vingança
em forma de
poesia-metralhadora
palavra-açoite

escrevi pra não morrer

poesia velha

anoiteceu
meu corpo sobre
o seu
a morte ronda
a igreja
a rua
a gente
e meu corpo
no seu lombra
sempre

para signos de ar

voar me aflige
como pensar
em você
faz o coração
tipo turbina
acelera depois
para
interrompe
igual voz
de tripulação
nervosando
o nervoso
penso alto
você
lá do céu
vejo seu olhar
cidade
meu conflito
minha casa
meu caos

quarta-feira, outubro 05, 2016

uma nota

um vazio melódico
a lágrima que
insiste em
ser uma
uma dor
um espaço
do lado de cá
do cobertor

vácuo de amor
um só calo
no pé
anel solitário
ou qualquer
solo de guitarra
solo

tá tudo dor
mas enfim
no quarto
a solidão
comigo
finda

domingo, setembro 18, 2016

sina II

o sol no seu rosto
me arrepia
me faz querer
entrar em você
pele macia
gosto de pêssego
seus grandes lábios
meus
trêmulos nos lábios
seus
e uma vontade de ficar
no seu abraço
no seu colo
no seu beijo
no meio das suas pernas

você nem viu o sol
me arrepio
lembrei de novo
de tudo ali
que mais queria
seria dormir
em cima de ti
pra sempre

domingo, setembro 04, 2016

querendo

na solidão
ácida do
quarto de hotel
meu estômago arde
de amor

uma falta que faz
na cama vaga
no abraço só
aquele sorriso

provoca o meu
olhar que ri
colo quente
beijo demorado

cada verso podia
trazer ela de novo
magicamente
mas

vai ficar longo
longe
sozinho e durante
o tempo que adormeço

sem lábios
sem beijos
chupadas

sem ela

terça-feira, agosto 30, 2016

sobre sonhos

como é sonhar
confundir beijos
com realidade
desejos

ansiedade e ela
sorrindo parece
mentira

dentro de mim
os segredos dançam
aquele olhar
me olhou

ou era sonho
o cheiro
o sabor
passou tão rápido

acordei numa realidade
paralela
na esquina lá de casa
ela

transformando
vontades
mexendo meu dia
encaixando verdades
na minha cama

ainda nem acordei
vai que são meio dia
e tá tudo misturado
dificil saber

o sonho tá começando
ou nem tava sonhando
não quero saber

(não vem me dizer)

só - e se for - de você

quarta-feira, agosto 03, 2016

digo

ela
olhos brilhantes
na noite caindo
a fome que não passa
agonia
com cobertor, quente
abre a janela e
brisa fria
cor da pele
sorriso de fotografia
linda
linda
linda
certidão de nascimento
boca mágica
ansiedade minha
minha?
com ela
volta a poesia
volta a risada à toa
volta, voa
vem
olhos brilhantes
te vejo dormindo
andando aqui em casa
me come que passa
mata essa fome
no beijo que é seu
desenho teu nome
meu nome
linda

terça-feira, agosto 25, 2015

instável

se a vida fosse
uma tarde de cerveja
uma música em yorubá
deleite

se a vida fosse um pôr do sol
um mergulho na Barra
passeio de barco
dança de Orixá

estaria feliz todo dia
que nem meninas apaixonadas
crianças que ganham presentes
velhinhos jogando xadrez

que desejo mais besta
a vida nunca é o que se deseja
nunca será
não perderei mais minhas tardes
no posto
na cerveja

chega

o que desejo não existe
cessa, agonia

sexta-feira, dezembro 19, 2014

O Poeta Morto

se aproxima da gente
sorridente, mas tímido
tava quente
mercado da boa vista
como vai? tais ausente
mirou triste, voz baixinha
silenciou
senta, bebe com a gente!
deu rompante
andou tropeçante
e nunca mais foi visto
a poesia ficou triste
de chorar tornou-se
ofegante